Apoio incondicional
Na pandemia, a LBV segue apoiando alunos com necessidades educacionais específicas, como autismo e Síndrome de Down, e gera resultados animadores.
Coloque-se no lugar de uma mãe de filho com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que sabe que, em decorrência disso, ele enfrenta dificuldades de aprendizagem que podem impactar decisivamente o futuro dele. Agora, imagine quanto ela pode estar preocupada na atual pandemia do novo coronavírus, cogitando que os avanços obtidos com o acompanhamento de um professor possivelmente não ocorrerão durante as aulas remotas.

Felizmente, esse não é o caso da Roberta Cristina Monteiro, mãe do Gabriel, de 9 anos. O menino, que mora com os pais no bairro do Cachambi, no Rio de Janeiro/RJ, estuda no Centro Educacional da Legião da Boa Vontade, em Del Castilho. Graças ao Programa LBV — Potencializando Habilidades (PPH), desenvolvido pela escola, o garoto tem vencido as limitações do autismo nos estudos e na vida.

O PPH é aplicado pela Instituição desde 2008 e tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento pedagógico, emocional e social dos alunos com necessidades educacionais diferenciadas, promovendo estratégias e adaptações que os ajudem no aprendizado dos conteúdos curriculares.
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Mesmo com as aulas presenciais suspensas, as ações do programa não foram interrompidas.Os educadores continuaram a dar suporte aos discentes, contribuindo com planos didáticos individualizados, desde a produção de aulas remotas diferenciadas à confecção de tecnologias assistivas — isto é, qualquer ferramenta, material, metodologia e recursos, como jogos lúdicos —, que são enviadas à casa daqueles que precisam desse suporte.

Por meio do WhatsApp, a equipe multidisciplinar da unidade de ensino mantém parceria com os familiares, trocando informações quanto aos avanços e às necessidades reais das crianças.
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Para Gabriel, que não encontrou apoio em outros colégios por onde passou, esse trabalho tem sido primordial. Quando chegou à LBV, aos 4 anos, ele já sabia ler, mas não conseguia interpretar os textos; também não compreendia a lógica de cálculos matemáticos e apresentava muita dificuldade para se socializar.
“Com o auxílio da Legião da Boa Vontade, graças às intervenções das professoras, ele foi entendendo tudo o que estava lendo. Tudo o que via, queria ler. (...) Quando chegou ao 1o ano, que era nossa maior preocupação, porque já havia as provinhas, eu tinha receio [de ele não conseguir avançar nos estudos]. E só me surpreendi positivamente. (...) O Gabriel desenvolveu-se muito. Do 1º ano em diante, ele deslanchou”, conta a mãe.
Ainda de acordo com Roberta, hoje a socialização do menino também está muito melhor. “Ele cumprimenta as pessoas, dá bom-dia, joga beijo e passou a ser ainda mais carinhoso, aceitou o carinho das pessoas. (...) Ele tem amigos, sente que as outras crianças gostam dele, então, se sente bem. É muito amado, querido pelos colegas.”

A propósito, esses vínculos criados com o Gabriel fizeram toda a diferença para a adaptação dele na unidade de ensino da Instituição, que adota a Pedagogia da LBV, composta pela Pedagogia do Afeto (destinada às crianças de até os 10 anos) e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico (aplicada a partir dos 11), ambas concebidas pelo educador Paiva Netto, diretor-presidente da Entidade.
Dentro da sua proposta de Educação com Espiritualidade Ecumênica, ele orienta os educadores a terem “uma visão além do intelecto”, para, assim, enxergar todo o potencial que há no estudante, sua real capacidade, superior às limitações cognitivas, emocionais ou socioeconômicas que enfrente, de modo que possa realizar tudo aquilo que deseja para o próprio bem e o da coletividade.
Educação inclusiva com Amor Fraterno
A professora Ana Claudia Monteiro acompanha de perto a evolução de Gabriel, que está no 4º ano do Ensino Fundamental I, e relata como essa atenção tem ocorrido: “Antes de executar qualquer estratégia, coloquei em prática a Pedagogia do Afeto, da LBV: criar vínculo com o Gabriel, entender as limitações enfrentadas por ele e motivar a turma a acolhê-lo. As estratégias foram feitas com Amor e carinho, como atividades de socialização. (...) Apresentei musiquinhas com os sons fonéticos das letras, e ele ficou apaixonado por elas”.

Como professora, também destaca a importância do suporte que recebe para dar o melhor de si. “A todo momento que apareça um obstáculo e eu não consiga resolver sozinha, tenho acolhimento no PPH. Essa parceria é fundamental no desenvolvimento das crianças. (...) Elas precisam desse olhar além do intelecto, conforme a nossa Instituição propaga.”
Profundamente emocionada, às lágrimas, a educadora fez questão de enfatizar quanto sua convivência com o menino tem sido enriquecedora:
“Quando ele entrou na sala de aula, não falava. Às vezes, ‘expressava-se’ com o olhar. Eu tinha que decifrar o que ele queria. E, pelo vínculo que fui criando por meio da Pedagogia do Afeto, comecei a compreender o olhar dele, o que queria. Foi uma experiência que mudou a minha vida, não só profissionalmente, mas também como ser humano. (...) Eu me desdobrava. Ao sair da escola, ia estudar, fazia cursos, pedia ajuda à Andréia de Jesus [coordenadora do PPH no colégio]”.
Nem mesmo o distanciamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus impediu essa boa cumplicidade entre educador e educando. “(...) Hoje, saber que ele está me dando bom-dia do outro lado da tela [da TV], [vendo o vídeo da minha aula remota], sabendo que não está me vendo presencialmente e que, mesmo assim, está se socializando, não tem preço. Não há nada que pague isso”, contou Ana Claudia.
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Vale salientar que os diagnósticos do público atendido pelo PPH são os mais diversos, com destaque para Daltonismo, Dislexia, Síndrome de Down, Transtorno Bipolar, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), entre outros.

Com a intervenção dos profissionais da LBV, em muitos casos, os responsáveis dessas crianças também são orientados a encaminhá-las a especialistas externos, como psicólogos, psicopedagogos e médicos neurologistas, de modo que sejam devidamente apoiadas.
Em razão desse primoroso trabalho, a revista BOA VONTADE homenageia todos os envolvidos com a educação inclusiva na LBV, aplicada com Amor Fraterno e muito empenho, para que nenhum educando se sinta abandonado, especialmente nestes tempos tão difíceis pelos quais a humanidade atravessa.