Jovem supera limitações físicas e dá primeiros chutes para a mudança
João Pessoa, PB — Toda criança tem o direito de crescer com saúde, alimentação e lazer, em um ambiente de compreensão, tolerância e amizade, de paz e de fraternidade universal. Mesmo com parte desses direitos violados, o jovem Lucas*, de 13 anos, não perdeu a capacidade de sonhar.
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O gesto de chute com a perna esquerda, quando questionado sobre a profissão que deseja seguir no futuro, confirma o desejo do adolescente em se tornar um jogador de futebol. A dificuldade de se comunicar e a limitação dos movimentos do lado direito do seu corpo, onde fica o pé que, segundo ele, era o seu preferido para fazer gol, não o impedem de continuar sonhando.

Integrante do programa Criança: Futuro no Presente!, da Legião da Boa Vontade, Lucas e seus irmãos participam de diversas atividades socioeducacionais na Instituição. Dentre as oficinas lúdicas, o momento do esporte sempre foi o mais aguardado pelo atendido. Destaque do time de futsal infantil da escola e da LBV, o garoto aproveitava o tempo livre quando estava em casa para jogar futebol com os amigos. Localizada na Praça da Alegria, na comunidade do Renascer, em João Pessoa, a pequena quadra de futsal era o seu local preferido para praticar o desporto.
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Numa tarde de domingo, porém, a brincadeira terminou mais cedo. A partida foi interrompida por uma troca de tiros. Três crianças foram baleadas. Uma delas era Lucas, atingido em cheio na cabeça.
APOIO INCONDICIONAL
Com poucas chances de recuperação, segundo os médicos, Lucas foi internado em estado grave no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. Durante oito dias, ficou em coma na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mesmo sabendo da situação difícil do filho, Marilene dos Santos Lima nunca perdeu a esperança. “Acredito em milagres e sabia que aquela não era a hora dele partir”, conta.
Com dificuldades na fala, paralisação de um lado do corpo e falha de memória, o menino teve alta do hospital sem expectativas de melhoras a curto tempo. “A gente não tinha previsão de quando ele ia voltar a andar e a falar”, lembrou Marilene. Sem condições de fazer o que mais gostava, o jovem preenchia o seu tempo com visitas semanais à fisioterapeuta.
Após seis meses se recuperando, Lucas pediu para voltar à LBV. Sentia falta dos colegas e das atividades promovidas pela Instituição. “Ele falava todos os dias que queria voltar. Sempre foi muito ativo, ficar em casa não estava fazendo muito bem para ele. Participava de todas as atividades que tem na LBV e não faltava um dia”, relatou Marilene.
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Na LBV, ele encontrou a oportunidade de resgatar seus sonhos e direitos como cidadão, que foram adiados pela violência. O atendido é acompanhado de perto pela equipe multidisciplinar do Centro Comunitário de Assistência Social. O apoio, que encontrou coro na Instituição, ganhou voz na própria casa. Ciente dos desafios a serem enfrentados pelo filho, Marilene sempre reserva a Lucas palavras de incentivo. O esforço do jovem dá a mãe forças para seguir em frente. “Ele sempre se mostrou disposto a voltar a fazer as coisas como era antes, nunca desanimou”, destacou.

“Mesmo com as dificuldades existentes, a gente percebe a força de vontade dele. Participa das atividades dentro do seu limite, sempre respeitando as orientações”, explicou a educadora social da LBV, Eriana Fernandes, responsável pelo grupo de futsal. A professora, que acompanhou a trajetória do menino desde antes da tragédia, ressalta a melhora nos últimos meses. “Ele sempre deixou muito claro o desejo de ser jogador de futebol. A busca por esse sonho continua de pé e só está ajudando na sua recuperação. A cada dia que passa é visível a sua evolução”. Satisfeita com a recuperação do menino, completa: “É a nossa maior recompensa”.
NÍTIDOS PROGRESSOS
De acordo com a fisioterapeuta Andreia Tomaz, responsável pelo tratamento de Lucas, a volta para a LBV foi primordial para o processo de recuperação. “A cada sessão de fisioterapia me surpreendo com a evolução dele. Está sempre sorridente e participativo. Toda semana aparece com uma novidade da LBV. Não tenho dúvidas que a instituição é fundamental na vida dele”, ressalta.
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Feliz em ter o aluno de volta, o educador Elisson Cardoso, responsável pela Oficina de Caratê, falou da importância da atividade para o menino. “Ele foi um dos meus primeiros alunos. Na LBV, a gente deixa a critério da criança participar ou não e ele demonstrou muita vontade desde o início”, pontuou.
Sobre a amizade com os colegas e o tempo que ficou fora do grupo, Elisson destacou a importância da sua presença. “Ele tem espirito de líder. Conquistou o respeito dos colegas e é visto como um exemplo de perseverança. Independente da sua condição física, está sempre presente participando e colaborando, principalmente contagiando a todos com a sua força de vontade”, completou.
Em João Pessoa, PB, o Centro Comunitário de Assistência Social, da Legião da Boa Vontade, está localizado na Rua das Trincheiras, 703 — Centro. Para outras informações, ligue: (83) 3198-1500.
* O nome é fictício para preservar a identidade do atendido