Igualdade, Respeito e Empatia na LBV
Para combater o racismo, LBV promove ações permanentes de representatividade racial com crianças e jovens de comunidades em extrema pobreza no Rio Grande do Sul.
Em todas as suas ações, a Legião da Boa Vontade (LBV) preconiza o respeito entre os seres humanos, mostrando o valor de cada individuo perante a sociedade, oportunizando o desenvolvimento e fortalecimento de vínculos afetivos de seus atendidos, que participam dos serviços de convivência da Entidade.
No Rio Grande do Sul, as unidades socioassistenciais da LBV desenvolvem ações permanentes por meio de propostas socioeducativas, utilizando a melhor linguagem e didática para levar os valores propagados pela Instituição como a Igualdade, Fraternidade, Respeito, Amor, Solidariedade e a Empatia às crianças, adolescentes, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social.
Promoção da igualdade
Começando desde a criança até seus familiares, a LBV promove durante o ano iniciativas de valorização da cultura afro-brasileira e de combate às desigualdades raciais presentes no dia a dia das famílias amparadas. A Educação é um importante recurso utilizado para gerar uma mudança significativa para as gerações futuras. Por essa razão, as ações da Instituição têm o propósito de ajudar na identificação de atitudes e no fortalecimento da empatia, da autoestima e do respeito entre todos, além de contribuir para a erradicação desses comportamentos.
Igualdade, Respeito e Empatia na LBV

(Foto:Nadiele Bortolin)
Durante todo o ano de 2022, inúmeras ações com essas temáticas ocorreram em todo o Estado. Dentre elas, o Seminário Diálogos Antirracistas [Confira], propostas socioeducativas sobre Racismo e Preconceitos, a confecção de bonecas Abayomi*, produção de máscaras e pinturas africanas, rodas de conversa sobre expressões e atitudes antirracistas, contação de história em atividade intergeracional, aula de capoeira, a presença de convidados de coletivos antirracistas, além de momentos repletos de brincadeiras e jogos africanos também.
A importância de falar dos problemas reais
Para a doutora Brenda Ipê, advogada e uma das fundadoras e coordenadora do coletivo antirracista Esperança Garcia da capital gaúcha, participar do encontro organizado pela Entidade: "Foi uma surpresa muito feliz, a primeira coisa que me deixou muito feliz foi a abertura da equipe toda de saber que precisamos falar sobre isso. Isso já é um grande diferencial porque nem todo o espaço tem isso. Então é sempre bom quando se consegue tocar e falar sobre os problemas reais das pessoas.”

Porto Alegre/RS – Doutora Brenda Ipê conversando com os atendidos da LBV.
Para a educadora social, Leticia Irala, a Semana da Consciência Negra, uma proposta socioeducativa promovida com os atendidos pela LBV em Porto Alegre/RS, trouxe muito conteúdo e espaço de fala para os participantes:
“A gente pôde ouvir muitos relatos, muitas identificações das crianças e adolescentes contando suas vivências e suas lutas diárias, pôde ver o entrosamento, a troca e o diálogo. É importante a gente estar mantendo esse assunto ativo no dia-a-dia deles porque precisam estar sempre sendo orientados. O nosso papel enquanto sociedade é estar fortalecendo-os".
Brenda Ipê comenta sobre a participação de todos na inciativa: “Fiquei muito feliz com a participação porque significa que era uma pauta importante para eles e que eles têm essa compreensão da importância de falar sobre. E eles estão insatisfeitos com a realidade, e acho que isso é o primeiro passo para a mudança. Então eu entrei aqui um pouco nervosa para saber como é que a galera ia receber [a mensagem] e saí muito esperançosa.”

Porto Alegre/RS – Ações da LBV tiveram o propósito de ajudar na identificação de atitudes e no fortalecimento do respeito entre todos, além de contribuir para a erradicação de comportamentos discriminatórios. Em roda de conversa, crianças e adolescentes falaram sobre a importância do assunto juntamente com a doutora Brenda Ipê.
A responsabilidade é de todos
Além disso, segundo a psicóloga da LBV, Daniela Ainhoren, um ponto que chamou atenção sobre o tema foi a questão da responsabilidade das pessoas brancas:
“Há também a responsabilidade dos brancos, quando ver alguma situação de racismo precisa falar. É fundamental trabalhar com eles esse tema justamente para ver que todos nós temos responsabilidades e podemos fazer a nossa parte para que um dia o racismo não exista. Ninguém nasce preconceituoso, a gente aprende a ser racista conforme nossos exemplos e vivências e a gente tem que entender isso, por isso o exemplo para as crianças é fundamental".
Na opinião de Richard Ribeiro, de 11 anos, o racismo já tinha que ter acabado há muito tempo, pois não se pode julgar os outros pela aparência:
“Aprendi que a gente tem que ter respeito mesmo com quem a gente não conhece. Estar aqui na LBV é uma benção de Deus porque na escola sofria bullying e quando eu cheguei aqui podia falar com as pessoas que entenderiam o meu jeito, o que eu passava e sofria”.
Valor ao tema

Porto Alegre/RS
“Aqui na LBV nós tratamos esse assunto com muita excelência e seriedade também, a gente pretende estar sempre formando esses adolescentes, essas crianças para o futuro de amanhã”, relata a educadora social Leticia.
A jovem Rafaela Flores, de 15 anos, também traz sua opinião sobre o tema: “Gosto muito do jeito que a LBV trata os assuntos sociais, eles tratam com a importância que realmente deve ter porque às vezes a gente vê nos lugares as coisas tratadas de forma rasa, só porque tem que mostrar, aqui as coisas são realmente levadas a sério. Eu gosto muito dessa sensação de conforto, de poder tratar desse tipo de assunto, dá um alívio, porque dá para ver que a gente ainda pode mudar a sociedade. Agradeço a LBV porque aqui eu aprendi muita coisa, esse é um espaço humanizado que pode conversar sobre esses assuntos, é libertador".
Capacidade independe de cor e idade
O assunto também foi tratado com os idosos atendidos no Programa Vida Plena, com a visita da advogada e engenheira mecânica Ione Campos, que contou sua história de vida e falou sobre o que é ser uma mulher negra e estar trabalhando aos 78 anos.
"Sou negra e essa cor não me impediu de ser nada. Nós somos pessoas e temos dignidade que deve ser preservada. Meu querer e minha vontade é tão grande que independe a cor da minha pele. Acredite em vocês. Quanto mais a gente demonstra conhecimento, somos mais respeitados e isso nos dá uma vontade de viver. Enquanto há vida, há esperança".

Porto Alegre/RS - Advogada e engenheira mecânica Ione Campos.
Ao final das atividades que contemplam o fim do racismo, Brenda Ipê deixa um recado a equipe da Entidade: “O que eu deixaria para LBV é que cada pessoa que trabalha nessa instituição pode estar formando alguém que vai fazer uma grande diferença. É capaz de ter passado ou estar passando nesses corredores lideranças. Então continuem se preocupando e dando essa atenção cuidadosa para a humanidade porque eu acho que é isso que falta, recuperar a humanidade que muitas vezes é tirada de alguns grupos e aí essas pessoinhas que são formadas assim, elas vão lá e elas mudam o curso das coisas. Muito obrigada”.
A você amigo(a) colaborador(a) o nosso agradecimento por fazer parte dessa mudança e que em 2023 possamos expandir ainda mais essas ações em respeito à vida.
*Abayomi é um termo que significa “Encontro precioso”, em Iorubá. É um símbolo de resistência e servia como amuleto de proteção para as crianças. Antigamente, as bonecas eram feitas pelas mães africanas para acalentar seus filhos nas viagens de transporte de escravos.