DOADOR DE ÓRGÃOS: Como Você pode se Tornar Alguém que Mudará a Vida de muitas Pessoas
Para ser doador de órgãos, basta apenas uma atitude: comunicar seu desejo à sua família
Para você, qual a importância do tempo? Para quem espera na fila por um doador de órgãos, o tempo é muito valioso. Tudo o que eles querem agora é ganhar mais tempo. Porém, o tempo que têm é pouco.

O que eles querem é mais tempo com a família, com os amigos, com a vida.
A esperança deles pode estar em suas mãos, numa simples decisão que você toma: quero ser doador de órgãos.
O Brasil, a família e o doador de órgãos

O número de transplantes no Brasil vem crescendo. De 2004 a 2014, houve um acréscimo de 63,8% na quantidade de procedimentos realizados no país.
Isso deve ser comemorado, mas nem tanto.
Sabe, o aumento poderia ser bem mais expressivo.
Dizemos isso porque pouco mais da metade das famílias aprovam a retirada para a doação de órgãos e tecidos de seus parentes falecidos.
Em 2015, para nossa reflexão, 44% das famílias consultadas recusaram a doação de órgãos de seus entes queridos.
E são elas que vão autorizar ou não a retirada dos órgãos para transplante.
Tome a decisão. E depois avise

No Brasil, não adianta deixar registrado em algum documento durante a vida a vontade de ser doador de órgãos e tecidos. A Legislação Brasileira é que define este ponto:
"A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte." (Lei nº 9.434/97, artigo 4º)
Quer ser doador de órgãos?
A primeira coisa a se fazer é comunicar a sua família.
Não adianta assinar algum documento ou testamento em vida. Somente haverá a doação de órgãos se a família consentir após o falecimento.
Aliás, o que é mais importante é seus entes respeitarem o seu desejo de ser doador de órgãos.
É com a autorização deles que seus órgãos serão doados.
É claro que este é um assunto complicado de se falar em família — até mesmo um tabu para alguns...
Mas pense: quanto mais rápida a decisão for tomada, melhor será.
Comunique aos seus familiares, porque se eles sabem que você quer ser doador de órgãos ou não, a decisão deles é muito fácil.
E muitas são as vezes que acontecem da pessoa até querer ser doador de órgãos. Porém, a família, sem saber dessa vontade, nega.
E são cerca de 30 mil brasileiros estão na fila com a esperança de encontrar um doador de órgãos compatível.
Alguém, num leito de hospital, pode precisar de um doador de órgãos.
Será você?
O fato de você comunicar aos seus familiares o seu desejo de ser doador de órgãos também evita que, em um momento de condolências e de tristeza, eles tenham de tomar uma decisão que deve ser sua.
Uma dica: previna-os.
Perfil do doador de órgãos

E aí você se pergunta: Eu tenho condições de doar meus órgãos e tecidos?
Bom, se você é saudável, sim.
As possibilidades variam de acordo com o estado de saúde do doador de órgãos e também dos órgãos doados.
De qualquer forma, são vidas que estão sendo prolongadas graças a gestos de nobreza do doador de órgãos e de seus familiares.
O doador de órgãos e tecidos não pode ter doenças que serão transferidas para quem receberá seus órgãos, tais como: tuberculose ou câncer.
No entanto, se a pessoa faleceu e não tem doenças transmissíveis, e a doação já era um desejo expressado em vida, aí sim pode doar.
Vale ressaltar ainda que não há restrição quanto à idade do doador de órgãos, até mesmo porque pessoas com 70 ou 80 anos podem receber um transplante.
Segundo o dr. Valter Garcia, médico nefrologista e membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o único órgão que sofre mais com a idade é o coração, que precisa ser avaliado. "Mas os rins, o fígado, as córneas, [pode] qualquer idade tanto receber quanto doar", disse.
Órgãos e tecidos que podem ser doados

- cabeça do fêmur
- cartilagem costal
- coração
- crista ilíaca
- córnea
- fascia lata
- fígado (em vida, somente uma parte do órgão)
- intestino delgado
- medula óssea (em vida)
- ossos longos
- ossos do ouvido interno
- pâncreas (em vida, somente uma parte em situações específicas)
- pele
- pulmão (em vida, somente uma parte)
- rim (em vida, apenas um dos rins)
- sangue (em vida)
- tendão da patela
- válvula cardíaca
- vasos sanguíneos
- veia safena
É importante frisar que o doador de órgãos não doará tudo isso. Apenas listamos algumas opções possíveis de órgãos e tecidos que podem ser doados.
INSPIRAÇÃO: Conheça a história do policial doador de rim e herói
A ciência e a medicina estão fazendo a sua parte, e avançaram tanto nesse campo ao longo dos últimos anos que, inclusive, realizaram procedimentos com sucesso como transplantes de mãos e de rosto, por exemplo.
Cabe a nós sabermos como fazer a nossa parte também.
Doar órgãos e tecidos em vida

Transplante de pele
É possível ser doador de órgãos em vida?
Com certeza. Porém, em certos casos, há ressalvas.
Fora sangue e medula óssea (veja como se cadastrar para ser doador de medula óssea), a doação de órgãos como rim ou fígado em vida é permitida apenas de parentes para parentes ou mediante autorização judicial.
A nossa legislação, em nenhuma hipótese, permite a venda de órgãos.
Mas existe algum perigo para o doador de órgãos e tecidos?
A doação de medula óssea não apresenta nenhum risco para o doador. É uma retirada de sangue ou, então, uma pulsão no osso do quadril.
VEJA: Como se Cadastrar para ser Doador de Médula Óssea
Na doação de rim e de fígado, o doador deve ter boa saúde (hígido). Ele passa por uma série de exames e suas condições para doar são investigadas. Depois, o doador faz um acompanhamento anual.
DOAR UM RIM EM VIDA: Tudo o que Você Precisa Saber
Entre as doações de órgãos e tecidos, as de rim e de fígado exigem mais cuidado. E é por isso que exige-se um grau de parentesco entre o doador e o paciente, já que, mesmo com risco, o transplante oferece um benefício para o doador: o de um familiar ser salvo.
DOAR RIM: o que o futuro reservou a esta enfermeira
Outra coisa que influencia: a forma como o doador de órgãos falece
Existem diferenças na doação de órgãos com relação à morte clínica (paralisação das funções cardíaca e respiratória) e à morte encefálica (paralisação das funções cerebrais).
Na morte clínica, apenas é possível a retirada de estruturas que não dependem diretamente da circulação do sangue.
Na morte encefálica (circunstância mais incomum), pode se manter artificialmente o restante do organismo por algum tempo, mediante técnicas especiais e por um prazo que varia de órgão para órgão.
Salvando vidas
As chances de sucesso de um transplante são altas, aponta a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote).
E são milhares as pessoas que contraem doenças em que o transplante é o único tratamento disponível.
O doador de órgãos e tecidos, assim como seus familiares, auxilia esses pacientes a prolongarem as suas vidas.
A verdade é que essa é a única maneira de salvar muitas vidas. Uma pessoa — apenas um doador de órgãos — pode salvar ou melhorar a vida de 25 pessoas, pelo menos.
Dados interessantes da doação de órgãos e tecidos

- Nos últimos dez anos (2004 a 2014), os transplantes no país aumentaram 63,8%, atingindo 23.226 no ano passado;
- O país atingiu o percentual de 14,2 doadores efetivos por milhão de população;
- Somos o segundo país do mundo em transplantes realizados por ano, conforme números da ABTO;
- De 2010 a 2014, o número de pessoas na lista de espera por transplante de órgãos e tecidos caiu 36%, de 59.728 para 38.350;
- O Brasil é o país com a maior taxa de aceitação da família na América Latina, com 58% (como referência, a taxa na Argentina é de 51% e no Chile é de 48%);
- Cerca de 95% dos transplantes são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS);
- O Brasil possui 510 Centros de Transplantes e 27 Centros Estaduais de Transplantes;
- Foi investido em 2014 mais de R$ 1 bilhão em cirurgias, incentivo à doação, captação de órgãos, acompanhamento dos pacientes e distribuição de medicamentos.
Fonte: Ministério da Saúde