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Cores da desigualdade

LBV promoveu “Diálogos Antirracistas” com crianças e jovens de comunidades em vulnerabilidade social em Porto Alegre/RS

Atualmente, diariamente pessoas são vítimas do preconceito racial, um grave problema que se perdura por séculos no Brasil e no mundo. Mesmo que pessoas negras representem mais da metade da população do país (54%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elas sofrem com o racismo e a discriminação. As práticas que excluem e privilegiam um grupo em detrimento do outro estão presentes nas relações sociais, políticas, econômicas, culturais e também interpessoais. Com isso, a população autodeclarada negra, infelizmente, acaba também ocupando índices não muito positivos como por exemplo o de menor escolaridade e renda mensal e os maiores índices de analfabetismo e taxas de desemprego.

Acreditando que todos merecem oportunidades equivalentes, a Legião da Boa Vontade (LBV) se une a diversas organizações da sociedade civil nesta luta antirracista e trabalha para promover a mudança dessa realidade. Por meio de seus serviços socioassistenciais e propostas educativas, a Entidade ajuda a construir, por meio do conhecimento e respeito ao próximo, horizontes promissores de igualdade que começam desde a criança até seus familiares, sendo pioneira nessa causa, entre tantas iniciativas em prol da dignidade e do respeito humano.

A LBV promove a igualdade

No mês de agosto, em Porto Alegre/RS, os atendidos pela LBV, com idade entre 9 e 12 anos, desenvolveram uma proposta socioeducativa intitulada Racismo e Preconceitos. Para a educadora Aléxia Schriek, autora da proposta, a ideia de trabalhar a temática foi “(...) para que eles pudessem ouvir de alguém que realmente já passou por isso [racismo] no cotidiano, porque eu sendo uma mulher branca não passo por coisas que pessoas negras passam diariamente. Tenho certeza que alguns se identificaram, já passaram por situações, este é um assunto bem sério e importante de todos trabalharem”.

Dentre as atividades, crianças e jovens conversaram e tiraram suas dúvidas sobre o assunto, trocando experiências, revendo o próprio vocabulário e pesquisando sobre pessoas negras que foram e são importantes para história do país. O intuito da proposta foi ajudá-los a identificar e a enfrentar tais situações no dia-a-dia e promover atividades reflexivas que os incentivem a terem uma postura antirracista.

Nadiele Bortolin

Porto Alegre/RS - Crianças e jovens pesquisaram sobre pessoas negras que foram e são importantes para história do país.

Para enriquecer o aprendizado, a Instituição realizou o Seminário “Diálogos Antirracistas”, uma iniciativa feita também pelas crianças para falar sobre a importância do assunto para a sociedade.

A atendidade pela LBV, Brenda, de 11 anos, contou que fez cartazes sobre o tema e revelou:

“Aprendi que a gente não precisa julgar as pessoas pelas cores, a gente tem que falar que é proibido o racismo”.

Já a jovem Gabriela, de 10 anos, disse que a proposta do Seminário fez todos repensarem seus atos em relação ao racismo e ainda enfatizou:

"Aprendendo sobre o assunto a gente vai crescer tendo um pensamento melhor, menos racista, um pensamento mais evoluído”.

A Daniela Ainhoren, psicóloga da LBV de Porto Alegre/RS, que acompanhou toda a atividade, se expressou dizendo que o racismo tem um profundo impacto na criança, já que ela se encontra num momento de desenvolvimento e pode trazer consequências como depressão, doenças crônicas, ansiedade e além de problemas na aprendizagem.

Nadiele Bortolin

Porto Alegre/RS - Em roda de conversa, crianças e jovens atendidos pela LBV tiveram acesso a informações importantes no combate ao racismo.

Sobre a roda de conversa, a profissional explica que: “Esses diálogos são fundamentais porque é só através da fala que a gente consegue superar e aprender sobre a questão do racismo. Precisamos aprender a como falar e o que falar. O diálogo é o que vai ajudar na autoestima dessas crianças, saber que elas têm esse lugar para conversar e colocar todas as angústias, dúvidas, ansiedades e medos sofridos. A criança precisa ficar segura com ela mesma para poder desenvolver suas potencialidades, para fortalecer sua autoestima e poder ter um futuro como qualquer outra criança”.

O evento contou com a participação especial de Joyce Kelly, graduada em Mediação de Conflitos, graduanda em Direito, pós-graduanda em Direitos Humanos, servidora na Defensoria Pública Estadual, ativista feminista e antirracista, que mostrou o nosso papel na luta contra o racismo:

“É muito importante esse debate principalmente com crianças que é onde começa a estrutura da sociedade, no futuro serão adultos mais conscientes de suas responsabilidades nesse combate e adultos negros mais empoderados também.”

Nadiele Bortolin

Porto Alegre/RS -  O evento contou com a participação de Joyce Kelly que mostrou o nosso papel na luta contra o racismo.

Joyce, após interagir com as crianças e observar o engamento das mesmas durante as atividades, contou emocionada sobre sua história: “Muito gratificante, gostei de compartilhar a minha própria experiência por ter sido assistida na minha infância por grupos de contraturno e mostrar que de fato são muito importantes. Gosto de reforçar a importância de redes como essa de fortalecimento de grupos em situações de risco e de vulnerabilidade. E foi com a ajuda do meu núcleo familiar e mais esses projetos que fez com que pudesse contribuir e a gente sabe que [essas crianças] irão poder fazer a mesma coisa”.


Vale ressaltar que esse trabalho acontece em muitas outras cidades do nosso país. Para saber mais sobre a nossa atuação humanitária, acesse nosso site e siga @LBVBrasil nas redes sociais: