Alegria por conviver
O tão esperado retorno às atividades presenciais da LBV ocorre para os idosos do serviço Vida Plena, seguindo todos os protocolos de segurança.
Desde 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, o idosos atendidos pela LBV cumpriram o necessário distanciamento social em suas residências, participando de atividades socioeducativas remotas propostas por nossas equipes multidisciplinares.

No entanto, ficar a maior parte do tempo em casa não é uma opção tão atrativa para esse público, que sente a extrema necessidade de socializar com outras pessoas, a fim de evitar a solidão. Por isso, ao longo do período mais crítico da crise sanitária, as equipes multiprofissionais da LBV preparavam kits com as instruções e os materiais necessários à realização das atividades e entregavam na casa de cada atendido.
As assistentes sociais e psicólogas também telefonavam constantemente aos atendidos — afora as visitas domiciliares que realizavam, sempre respeitando os protocolos sanitários —, para identificar necessidades de acompanhamento, fazendo muitas situações de vulnerabilidade não se tornarem risco para as famílias atendidas.
Além disso, intermediavam o acesso a benefícios governamentais e institucionais, o fornecimento de suporte emocional e a disseminação de informações acerca da prevenção da Covid-19 na cidade, conforme as orientações do Ministério da Saúde. Dessa forma, podiam acionar outros agentes da rede de apoio caso fosse necessário, a exemplo do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e da Unidade Básica de Saúde (UBS).

De acordo com Ione Santos Silva, assistente social da unidade da LBV no bairro Bonocô, em Salvador, algumas das idosas “viveram momentos de depressão, de solidão, de perdas de familiares, de medo. (...) Quando eu entrava em contato com elas, sempre relatavam que estavam sentindo falta de frequentar a unidade, que queriam estar aqui por ser um lugar de felicidade”.
Dona Almerina Oliveira, de 70 anos, esteve nessa condição. Para ela, viver a pandemia “foi horrível”. Não é para menos. A aposentada perdeu um sobrinho muito querido por causa do SARS-CoV-2, fato que aumentou a preocupação com o marido e os filhos — um deles é obeso, fator agravante ao quadro clínico.
“A LBV me ajudou bastante a superar esse momento. Pedi ajuda à Ione e conversava muito com ela, que me acalmava e indicou o 188 (Centro de Valorização da Vida). Eu ligava lá quase todos os dias e me sentia bem [após o atendimento]. Também telefonava muito para a Marizalva, que é minha colega daqui da LBV, gente boa mesmo”, relata.
Por sua vez, Marizalva Monteiro da Paixão, de 82 anos, conta que sentiu “falta do aconchego do povo, das reuniões em grupo, de ter contato com as pessoas”.
Em abril, devidamente vacinadas contra a Covid-19 — objetivo para o qual a Entidade incentivava todas as atendidas —, elas e as demais 64 idosas voltaram às atividades presenciais do Centro Comunitário, divididas em seis subgrupos de 11 participantes, de modo que a biossegurança possa ser mais bem garantida.
Na ocasião, foram recepcionadas com um café da manhã mais que especial, repleto de música, dança, boa comida e muito carinho por parte dos colaboradores da unidade.
"[A confraternização] foi uma surpresa boa. Não esperava mesmo. Foi bom a gente encontrar todas as colegas e funcionárias. Sentia falta dos nossos encontros, que me fazem muito bem. Eu considero [o Vida Plena] uma terapia. Se eu dormir mal e vir para a LBV, pode ter certeza de que volto para casa outra pessoa”, comentou dona Almerina.
Desde então, ela e Marizalva voltaram a frequentar o local todas as quintas-feiras, quando desfrutam de diversas oficinas, como artesanato, dança, palestras educativas pertinentes à terceira idade, entre outras propícias ao desenvolvimento da autonomia, da socialização e do fortalecimento de vínculos familiares, interpessoais e intergeracionais, fortalecendo a inserção sociocultural e a cidadania.

Sobre estar na LBV, Almerina ainda destacou que sente “muita gratidão. E ela é pra sempre, pelo atendimento que tenho tido, pelo carinho das colegas, pelas conversas que a gente tem aqui, pelo que passamos e superamos. Isso faz muita diferença”, afirmou a atendida.

Conforme esclarece a assistente social Ione, a ação com os idosos na unidade da LBV na capital baiana seguirá a todo vapor. “Continuaremos trabalhando o tema ‘Envelhecimento saudável e ativo’. Focaremos em transmitir orientações sobre os cuidados da saúde física e emocional e a manutenção da atividade cerebral, do convívio social e familiar.”
Essa reportagem foi publicada originalmente na revista BOA VONTADE nº 272, de junho de 2022. Para ler outros conteúdos desta edição, clique aqui.