À frente por uma sociedade melhor
Programa da LBV de assessoramento a organizações da sociedade civil tem grande adesão de mulheres

O programa Rede Sociedade Solidária, da Legião da Boa Vontade (LBV), proporciona suporte especializado a organizações da sociedade civil a fim de esclarecer trabalhadores e voluntários delas a respeito da defesa e garantia de direitos expressos na Constituição Federal e de fortalecer o sistema de proteção social brasileiro.
Ele foi criado um ano depois que o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) estabeleceu, de maneira pioneira no mundo, o assessoramento como política pública a ser adotada pelo país, por meio da Resolução no 27/2011. Essa normativa dá diretrizes claras às entidades sobre o padrão de serviço a ser seguido.
Realizado há sete anos, esse programa da LBV leva subsídios a instituições e organizações sociais e transmite orientações técnicas e administrativas a elas, com capacitação e formação de profissionais que atuam no Sistema Único de Assistência Social (Suas) e de lideranças comunitárias e usuários desse sistema.
Ao longo desse período, em diversas frentes de trabalho, a iniciativa tem colhido bons frutos, graças à presença marcante de mulheres. Elas se destacam por uma atuação regionalizada, intersetorial e de grande amplitude em prol do desenvolvimento sustentável, conforme se verá por meio dos exemplos citados a seguir.

Atuação em rede
Em Vitória/ES, o programa Rede Sociedade Solidária conta com a parceria do Instituto EDP Energias do Brasil e objetiva capacitar presidentes e representantes de associações de bairro e organizações não governamentais comunitárias para desenvolver projetos sociais consistentes e para captar recursos às suas atividades. A capacitação teve duração de um ano — de setembro de 2017 a outubro de 2018 —, ao término do qual houve a apresentação dos projetos comunitários elaborados pelos participantes no curso, que concorreram em edital de apoio financeiro.
As atividades realizadas por meio do programa tiveram o engajamento do Território do Bem, carinhoso apelido da região da periferia da capital capixaba composta dos bairros Itararé, Bairro da Penha, São Benedito, Jaburu, Floresta, Bonfim, Consolação e Engenharia. Essa denominação demonstra que na região está, de fato, presente um olhar em favor da comunidade, por meio do qual se promovem ações que buscam propiciar tranquilidade, conforto e esperança de uma vida melhor ao morador da localidade.

A capacitação das lideranças comunitárias ocorreu quinzenalmente e proporcionou a elas conhecimentos relevantes ao bom funcionamento das respectivas organizações, entre os quais os referentes a leis e conhecimentos sobre direitos humanos — para a defesa e garantia destes —, ao papel do líder perante os que estão em situação de vulnerabilidade social e ao que é preciso fazer em favor de populações socialmente vulneráveis.
Durante o curso foram abordados os temas “Justiça social”, “Democracia”, “Representação e representatividade”, “Seguridade social (saúde, assistência social e previdência)”, “Pesquisa de território”, “Ser líder e transformar a comunidade” e “Questões administrativas e financeiras (associação/associativismo)”, além de serem dadas orientações para a elaboração de projetos.

Raimunda Ivete de Souza, presidente da Associação do Bairro Floresta.
Ao fim do curso, cinco projetos preparados pelos participantes receberam apoio financeiro do Instituto EDP, entre esses o Carga Viva — Central de Compras, criado por Raimunda Ivete de Souza (foto), presidente da Associação do Bairro Floresta. “A capacitação feita pela Legião da Boa Vontade me fortaleceu e deu maior vontade de continuar [a executar] o projeto”, ela destacou.
Os altos custos que os comerciantes locais tinham com compras individuais e com o transporte para o abastecimento de seus estabelecimentos foi o que motivou a presidente da associação a conceber a ideia. A fim de fortalecer a economia da região, Raimunda pensou em uma proposta de microcrédito aos comerciantes: eles compram produtos em grande quantidade, obtendo a redução do preço das mercadorias, e pagam o empréstimo com juros baixos à associação. A empreitada beneficia até dez mercadores, estimulando o comércio interno, fomentando a economia local e gerando emprego e renda.